Guia prático para determinar o bico adequado para uma pulverização

Guia prático para determinar o bico adequado para uma pulverização

A eficácia na aplicação de produtos fitofarmacêuticos é um fator crucial para determinar o sucesso das operações agrícolas. Dada a sua importância, é fundamental conhecer cada detalhe, a fim de garantir que a aplicação seja feita de uma forma otimizada. Um dos elementos-chave para garantir essa eficácia é a determinação do débito do bico de pulverização, um aspecto muitas vezes negligenciado, mas que tem um impacto significativo sobre a eficácia geral do processo.

Neste guia, vamos explorar a importância deste processo em profundidade, discutir o seu papel e importância dentro do contexto mais aimplo das operações agrícolas. Além disso, vamos oferecer orientações práticas sobre como realizar esse procedimento de maneira eficaz, com dicas valiosas que foram comprovadas ao longo do tempo e através da experiência prática. O nosso objetivo é equipar os profissionais da área agrícola com o conhecimento necessário para realizar as suas operações de maneira eficaz e eficiente, maximizando a eficácia dos produtos fitofarmacêuticos utilizados.

A importância do débito do bico

Estabelecer o débito do bico é crucial para assegurar uma aplicação eficaz dos produtos fitofarmacêuticos. Para alcançar este objetivo, é imprescindível considerar diversos parâmetros tais como a velocidade de avanço, largura de trabalho ou distância entrelinhas, a cultura, forma da copa e o momento do desenvolvimento vegetativo, o equipamento disponível, o produto fitofarmacêutico a ser utilizado e as condições climatéricas.

Ao conhecer as condições de aplicação do produto fitofaramcêutico, conseguimos obter o volume de calda recomendado. Com base neste volume, e recorrendo à fórmula em baixo, podemos calcular o débito do bico de pulverização. Para esse efeito, devemos utilizar os valores de velocidade de avanço, largura de trabalho ou distância entrelinhas, que podemos obter das caraterísticas da cultura, do pulverizador ou da velocidade regularmente utilizada para tratamentos.

É importante salientar que o volume de calda não deve ser modificado pela velocidade de avanço ou pela pressão de trabalho, pois estas configurações pode afetar as características das gotas e prejudicar a deposição adequada do produto fitofarmacêutico no alvo, aumentando o risco de deriva.

É essencial garantir uma distribuição uniforme de gotas em toda a superfície do alvo (folhas e ou frutos expostos e não expostos à pulverização), especialmente para produtos fitofarmacêuticos com modo de ação por contacto. Por isso, é recomendável que o agricultor tenha para volumes de calda demasiado diferentes, conjuntos de bicos diferentes e valide que a deposição da calda no alvo é a pretendida através de ensaios com recurso aos papéis hidrossensíveis.

Manter esta abordagem em mente ao estabelecer o débito do bico não só aumenta a eficácia dos produtos fitofarmacêuticos aplicados, mas também contribui para melhores resultados no final da campanha.

Processo de determinação do débito do bico

Para calcular o débito do bico de maneira precisa, devemos utilizar uma das seguintes fórmulas. A fórmula da esquerda é a que devemos utilizar para culturas baixas e recorremos a pulverizadores equipados com barras horizontais. A fórmula da direita é a que devemos utilizar para culturas tridimensionais, como pomares e vinhas.

Onde:

C, corresponde ao volume de calda (L/ha), que pretende aplicar, num determinado tratamento;

v, corresponde à velocidade de avanço (km/h), que utiliza naquela parcela e cultura onde irá realizar o tratamento;

L, corresponde à distância entre bicos (metros), da barra horizontal do seu pulverizador, ou;

d, corresponde à distância entrelinha (metros), da cultura onde irá realizar o tratamento.

Escolha do bico adequado

Após determinar o débito do bico, é necessário selecionar o modelo apropriado. É importante considerar que os bicos que produzem gotas maiores são menos afetados pela deriva. Além disso, é recomendável dar preferência aos bicos que seguem as normas estabelecidas pela norma ISO 10625. Esta norma garante um padrão no débito associado a cada cor de bico, e a cada cor está associado um código, facilitando a escolha e evitando confusões.

Exemplo prático de barras horizontais

Vamos supor que está a preparar uma parcela para uma sementeira de trigo. Para garantir uma aplicação eficaz do herbicida que vai selecionar, é essencial determinar o débito do bico de pulverização. Para esse efeito, vamos utilizar os seguintes dados para calcular o débito do bico:

  • Volume de calda desejado: 100 L/ha
  • Velocidade de avanço: 7 km/h
  • Largura da barra: 21 metros
  • Número total de bicos da barra horizontal: 42
  • Distância entre bicos: 0,5 metros (ou 50 cm).
  1. Primeiro, calculamos o débito do pulverizador utilizando a fórmula fornecida em cima.
  2. Substituindo os valores, vamos obter o débito que necessitamos para realizar este tratamento, que para o efeito é de 0,58 L/min.
  3. A seleção do bico adequado: Com o débito do bico calculado, consultamos as tabelas de débito dos fabricantes de bicos para selecionar o bico apropriado. É importante escolher um bico que produza gotas mais grossas para reduzir a deriva do herbicida. Opte por uma cor de bico e pressão que forneça um débito próximo do valor calculado, garantindo uma aplicação precisa e eficaz do herbicida.

Exemplo prático de culturas tridimensionais

Vamos supor que irá realizar um tratamento na sua vinha com um fungicida. Para esse efeito, necessitamos dos seguintes dados para calcular o débito do bico:

  • Volume de calda desejado: 300 L/ha
  • Velocidade de avanço: 6 km/h
  • Número total de bicos ativos: 6 (3 bicos de cada lado)
  • Distância entrelinha: 3 metros.
  1. Primeiro, calculamos o débito do pulverizador utilizando a fórmula fornecida em cima.
  2. Substituindo os valores, vamos obter o débito do pulverizador que é 9 L/min. Depois necessitamos de dividir esse valor pelo número total de bicos ativos do pulverizador (bicos que irão emitir calda).
  3. Considerando que pretendemos ter 3 bicos por cada lado (por ser suficiente para tratar toda a copa da vinha). E também por pretendermos ter o mesmo débito para todos os bicos.
  4. Vamos dividir o débito do pulverizador, pelo número de bicos ativos, que nos irá dar 1,5 L/min.
  5. A seleção do bico adequado: Com o débito do bico calculado, consultamos as tabelas de débito dos fabricantes de bicos para selecionar o bico apropriado. Vamos selecionar pressões inferiores a 15 bar, para evitar deriva. Opte por uma cor de bico e pressão que forneça um débito próximo do valor calculado, garantindo uma aplicação precisa e eficaz do fungicida.

Conclusão

Ao determinar o débito do bico de forma precisa, os agricultores e técnicos agrícolas maximizam a eficácia da aplicação de produtos fitofarmacêuticos. Isto irá permitir resultados superiores nas atividades agrícolas, garantindo uma proteção eficaz das culturas e optimizando o uso de fatores de produção.

Em resumo, a escolha do bico adequado é um aspeto fundamental da aplicação de produtos fitofarmacêuticos. Ao seguir os passos descritos neste guia e recorrendo a ferramentas disponíveis, os profissionais da área agrícola podem garantir uma aplicação precisa e eficaz, contribuindo para o sucesso das operações agrícolas e a sustentabilidade do setor.