Guia prático para determinar a quantidade de pesticida

Guia prático para determinar a quantidade de pesticida

Na agricultura, a preparação da calda de pesticidas é uma etapa crucial para garantir a eficácia dos tratamentos fitofarmacêuticos. Um dos aspetos fundamentais desse processo é o cálculo preciso da quantidade de pesticida a ser utilizada em cada depósito do pulverizador. Este cálculo é influenciado por uma série de fatores, como a área da parcela a tratar, a dose do produto fitofarmacêutico, o volume de calda e o débito do pulverizador.

Este Guia Prático para a Determinação da Quantidade de Pesticida tem como objetivo auxiliar os interessados na determinação precisa da quantidade de pesticida necessária para cada aplicação, como foco em pulverizadores de dorso em aplicações onde é possível determinar a área de superfície alvo do tratamento, como é o caso dos herbicidas.

Antes de iniciar esse processo, é fundamental que o leitor se familiarize com o “Código de Conduta na Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos“, publicado pela DGAV em 2020. Este documento establece normas e boas práticas para a utilização segura e responsável de pesticidas, contribuindo para a proteção da saúde, do meio ambiente e da qualidade dos produtos agrícolas.

Fatores que influenciam o cálculo da quantidade de pesticida

daterra

Diversos fatores exercem influência direta no cálculo da quantidade de pesticida necessário para a preparação da calda. Os principais são:

  • Área da Parcela: a área da parcela é um dos primeiros dados a serem considerados neste cálculo. É a partir dessa informação que determinamos a quantidade total de pesticida a ser aplicada.
  • Dose do Pesticida: a dose do pesticida refere-se à quantidade específica de substância ativa a ser aplicada por unidade de área, geralmente expressa em litros por hectare (L/ha) ou quilogramas por hectare (kg/ha).
  • Volume de Calda: o volume de calda é a quandidade de calda (água) que será necessário aplicar para cumprir os parâmetros da dose, ou seja, a quantidade de substância ativa que irá ser depositada na área a tratar.

Como interpretar as indicações do rótulo

A leitura do rótulo do produto fitofarmacêutico é fundamental para determinar a quantidade de pesticida recomendada. Essa informação pode ser expressa em duas formas:

  • Concentração: a concentração indica a quantidade de produto fitofarmacêutico presente num volume determinado de água, geralmente expresso em gramas por 100 litros de água (g/hL) ou mililitros por 100 litros de água (ml/hl).
  • Dose: a dose indica a quantidade total de produto fitofarmacêutico a ser aplicada por hectare (L/ha ou kg/ha).

Tipos de produtos fitofarmacêuticos e as suas indicações

  • Herbicidas: os herbicidas, em regra, vêm expressos sob a forma de dose, pois a aplicação do herbicida compreende a distribuição de uma substância ativa numa determinada área de superfície onde se pretende controlar as infestantes.

 

  • Fungicidas e inseticidas: os fungicidas e inseticidas, por sua vez, e porque a sua aplicação pode ocorrer em culturas baixas (culturas arvenses e hortícolas, por exemplo), mas também em culturas arbóreas e arbustivas (como a vinha e pomares, por exemplo). Assim, os fungicidas e inseticidas, podem ser expressos sob a forma de dose ou concentração.

Fórmula

Suponhamos que necessita de realizar um aplicar um herbicida para controlo de infestantes. Ao consultar o rótulo do pesticida, consegue obter a dose recomendada (por exemplo 750 ml/ha) e o depósito do seu pulverizador de dorso é (12 litros), ou seja, irá necessitar de 12 litros de água para realizar a aplicação do herbicida.

Recorrendo à fórmula podemos determinar a quantidade a quantidade de pesticida necessário para cada depósito de 12 litros de água.

Onde:

Quantidade de PF (ml ou g), corresponde à quantidade de produto fitofarmacêutico que deverá colocar dentro do depósito, expresso em mililitros ou gramas.

Capacidade depósito (L), corresponde à quantidade de água que necessita para encher o depósito do seu pulverizador, expresso em litros.

Dose (L ou kg/ha), corresponde à dose do produto fitofarmacêutico que deverá distribuir num hectare, indicado no rótulo, expresso em litros ou quilogramas por hectare.

Volume de Calda (L/ha), corresponde ao volume de água que necessita para pulverizar um hectare de área, expresso em litros por hectare.

Exemplo Prático

  1. Dose do Pesticida: ao consultar o rótulo verifica que a dose recomendada, é por exemplo 750 ml/ha. No entanto, a fórmula pede um valor de dose na unidade ‘L/ha’, mas a dose é indicada na unidade ‘ml/ha’. Assim, teremos de converter a dose para a unidade ‘L/ha’, exigido pela fórmula. Então, a dose é 0,75 L/ha.
  2. Volume de Calda: para determinar o volume de calda (em L/ha) que irá utilizar, para o tratamento, deverá proceder ao ensaio em branco.
  3. Ensaio em Branco: o ensaio em branco carateriza-se por delimitar uma área conhecida (regra geral um quadrado de 100 m2, com 10 metros de lado) e quantificar a água necessária para pulverizar essa área de 100 m2. Posteriormente, deve calcular a quantidade de água equivalente para 1 ha (ou seja, 10.000 m2).
  4. Quantidade Água no Depósito do Pulverizador: é a água (em litros) que necessita para realizar o tratamento que planeia fazer.

Conclusão

É fundamental ler atentamente o rótulo do produto fitofarmacêutico para determinar a forma correta de calcular a quantidade necessária de pesticida e respeitar sempre as recomendações do fabricante.

Calculadora de Pesticida para Pulverizadores Manuais

A importância do cálculo da velocidade de avanço na pulverização

A importância do cálculo da velocidade de avanço na pulverização

Na agricultura moderna, o uso preciso de produtos fitofarmacêuticos é vital para proteger as culturas e otimizar os recursos. Isso requer precisão e conhecimento técnico, principalmente no cálculo da velocidade de avanço durante a pulverização.

O uso correto da velocidade de avanço permite uma aplicação mais eficaz dos produtos fitofarmacêuticos, evitando o uso excessivo ou o insuficiente, que pode causar danos às culturas ou gastos desnecessários.

Neste artigo, vamos explorar a importância deste cálculo, daremos uma visão detalhada de como realizá-lo e orientações práticas para uma aplicação eficaz. Com conhecimento e prática, os agricultores podem otimizar recursos, proteger as culturas e maximizar a produtividade e rentabilidade.

Validar a velocidade de avanço

Embora muitos tratores modernos possuam velocímetros integrados e outros equipamentos eletrónicos para monitorizar a velocidade, é essencial validar este parâmetro antes de iniciar a operação da pulverização. Fatores como o terreno irregular, a inclinação do solo e a pressão dos pneus podem afetar a velocidade real do trator durante a operação, tornando crucial a verificação manual deste parâmetro.

Além disso, é importante lembrar que até os equipamentos eletrónicos podem falhar ou ter configurações incorretas, resultando em leituras imprecisas da velocidade. Portanto, a validação manual desta medida é recomendada para garantir a precisão de todos os equipamentos no trator ou pulverizador.

Qualquer erro na determinação da velocidade de avanço do trator pode afetar a precisão desse valor e os cálculos subsequentes do volume de calda e da dose do produto fitofarmacêutico. Isso pode comprometer a eficácia da aplicação do pesticida, ameaçando a proteção da cultura e a sua produção.

CEO, DATERRA

Exemplo Prático

Suponhamos que iria realizar uma pulverização para a cultura do milho. Após medir a distância que irá percorrer (por exemplo, 100 metros), poderia determinar o tempo necessário para percorrer essa distância. Digamos que o tempo seria 52 segundos, nas condições reais de trabalho.

Usando a fórmula e substituindo os valores, pode calcular a velocidade de avanço como sendo 6,92 km/h.

A velocidade e a eficiência dos tratamentos

É importante ter em consideração o impacto que a velocidade tem na eficácia dos tratamentos com pesticidas. Alterações na velocidade podem comprometer a capacidade da calda entrar na copa das plantas, reduzindo a eficácia, especialmente em culturas densas.

Por outro lado, uma velocidade muito baixa pode prolongar a janela de oportunidade para a realização dos tratamentos, tornando difícil a realização de todas as aplicações necessárias, no momento oportuno. As velocidades mais elevadas, combinadas com ventos fortes podem aumentar a deriva, diminuindo drasticamente a deposição da calda nas plantas.

Conclusão

Em suma, a importância de calcular com precisão a velocidade de avanço durante a pulverização não pode ser subestimada, pois desempenha um papel crucial na garantia de uma aplicação eficaz dos produtos fitofarmacêuticos. Esta prática é vital não apenas para a saúde das culturas, mas também para a eficiência global das aplicações de pesticidas. Ao evitar erros nos cálculos e confirmar a velocidade real do trator antes de iniciar a operação, os agricultores têm a capacidade de proteger as suas culturas de forma mais eficiente, maximizando o sucesso e a produtividade das suas operações agrícolas.

Além disso, a validação manual da velocidade de avanço é altamente recomendada, mesmo em tratores equipados com dispositivos eletrónicos de controlo. Esta etapa adicional garante que a precisão dos cálculos não é comprometida e que a correta aplicação dos produtos fitofarmacêuticos é realizada. Ao seguir estas práticas, os agricultores podem ter confiança nas suas tarefas de pulverização e garantir a saúde e o vigor das suas culturas.

A ferramenta é gratuita. No entanto, ao mencioná-la, cite a fonte que está disponível em baixo.

Fonte: Nunes, P. (2022). A importância do cálculo da velocidade de avanço na pulverização. Disponível em: <https://daterra.com.pt/….html>. Acesso em: [colocar a data do seu acesso].

Calculadora Velocidade de Avanço

Calculadora Velocidade de Avanço

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